ESCOLA NO CAMPO, VOZES SILENCIADAS
um estudo sobre a educação dos trabalhadores rurais em Ituiutaba/MG
Resumo
O estudo analisa os processos de escolarização oferecidos aos trabalhadores rurais de Ituiutaba-MG, contextualizando-os no cenário nacional da educação do campo. A pesquisa evidencia que, apesar da redução nas taxas de analfabetismo rural ao longo das décadas, as desigualdades entre o meio rural e urbano persistem, especialmente no acesso, permanência e qualidade da educação. Historicamente, as políticas educacionais voltadas ao campo foram reativas, focadas na contenção do êxodo rural e desconsideraram as especificidades socioculturais dos trabalhadores do campo. Campanhas como a CNER (1952-1963) buscavam adaptar o campo aos padrões urbanos, mas falharam em promover uma escolarização formal sólida. Em Ituiutaba, embora economicamente próspero, o município também apresentou limitações estruturais, pedagógicas e políticas para consolidar uma rede educacional efetiva na zona rural. A escolarização teve como finalidade a fixação territorial, sem priorizar a formação crítica e emancipatória dos sujeitos. A pesquisa distingue os conceitos de educação rural — tradicional, excludente e urbana — da educação do campo — participativa, contextualizada e voltada aos saberes locais. Conclui-se que a construção de uma educação do campo transformadora exige políticas públicas comprometidas com a realidade rural, participação comunitária e valorização das identidades campesinas, visando à equidade educacional e ao fortalecimento do direito à educação.